Aung San Suu Kyi, líder de Mianmar, durante audiência no caso levado pela Gâmbia contra o país à Corte Internacional de Justiça da ONU, em Haia, na Holanda, no dia 14 de janeiro. — Foto: Yves Herman/Reuters
Lideranças do governo de Mianmar — incluindo a líder política Aung San Suu Kyi, vencedora do Nobel da Paz em 1991; e o presidente do país, Win Myint — foram presos na manhã desta segunda-feira (1º) (horário local).
As detenções ocorrem dois meses depois de uma eleição que opositores, impulsionados por militares, acusam de serem fraudadas — o que o presidente e as lideranças governistas de Mianmar negam. Integrantes do partido Liga Nacional pela Democracia chegaram a alertar para ameaça de golpe.
"Eu quero dizer ao nosso povo que não responda intempestivamente, e quero que ajam de acordo com a lei", pediu o porta-voz do governo, Myo Nyunt, em entrevista à agência Reuters. Ele também teme ser preso.
Segundo relatos divulgados pela agência Reuters, militares cercaram também a prefeitura de Yangon, a maior cidade de Mianmar.
Além das prisões, os telefones da capital de Mianmar, Naypyitaw, estavam sem linha desde o início da manhã. A rede de televisão estatal MRTV também ficou fora do ar — segundo a emissora, por "razões técnicas", sem dar mais detalhes. E moradores do país relataram que serviços digitais estão sem funcionar.
Presidente de Mianmar, Win Myint, em revista às tropas em foto de 2018 — Foto: Soe Zeya Tun/Pool/Arquivo via Reuters
Na semana passada, o chefe militar Min Aung Hlaing — que, segundo o jornal "Guardian", é a pessoa mais poderosa em Mianmar — afirmou que havia encontrado "desonestidade e injustiça no pleito". Os governistas venceram por ampla maioria, mas a oposição apoiada pelas Forças Armadas afirma ter encontrado 8,6 milhões de casos de fraude.
Perguntado, à época, se o país corria risco de um golpe militar, um porta-voz das Forças Armadas respondeu:
"Nós não diremos que o Exército tomará o poder. E também não diremos que não".
Eleição conturbada em Mianmar
Eleitores em Mianmar em um carro de campanha de Aung San Suu Kyi, em 10 de novembro de 2020 — Foto: Sai Aung Main / AFP
Mianmar passou em novembro de 2020 por eleições no Parlamento bastante criticadas por não permitir a participação de minorias étnicas. Praticamente todos os muçulmanos rohingyas não votaram, porque eles se encontram em campos de refugiados em Bangladesh ou porque perderam a nacionalidade birmanesa.
A imagem de Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz de 1991, que continua muito popular em Mianmar, foi muito afetada no cenário internacional pela crise dos rohingyas. O país é acusado de cometer genocídio contra essa população, e a ativista e principal liderança política birmanesa chegou a ter prêmios retirados por causa das acusações.
Fonte:G1
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