segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Greve em empresa denunciada junto com Paes precisa ser apurada

 Greve em empresa de ônibus envolvida em denúncia junto com Paes prejudicou votação

Greve em empresa de ônibus envolvida em denúncia junto com Paes prejudicou votação

Severino Silva/Agência O Dia

Uma greve no mínimo estranha, considerada ilegal, foi anunciada pelos motoristas de ônibus das viações Redentor e Futuro, no Rio de Janeiro, na madrugada de sábado (28) para domingo (29), dia em que o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e Eduardo Paes (DEM) disputaram o segundo turno das eleições para a prefeitura da cidade.

A decisão, mal explicada e de última hora, deixou sem transporte moradores dos bairros do Recreio, Barra da Tijuca e Jacarepaguá, na populosa Zona Oeste da cidade, até 11h da manhã de domingo (29), quando os motoristas resolveram voltar ao trabalho.

E provocou indignação nas autoridades do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro), que acionaram a Polícia Federal para intervir no movimento. “A paralisação é ilegal e representa grave impedimento e embaraço às eleições”, informou o TRE-RJ. “As lideranças do movimento serão responsabilizadas de acordo com o que prevê a legislação”, acrescentaram as autoridades do tribunal.

Indicado para acompanhar a greve, o juiz Luiz Márcio Pereira foi para a porta da garagem da Redentor na manhã de domingo (29). Mesmo com o período relativamente curto de duração, a greve prejudicou a movimentação dos cariocas nas quatro primeiras horas de votação, justamente no horário indicado para que os idosos fossem votar.

E certamente contribuiu para se chegar ao maior índice histórico de abstenção da capital fluminense em segundos turnos - 1.720.154 eleitores, 35,35% do colégio eleitoral da cidade, não foram votar.

No último dia 20 de outubro, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) decretou o bloqueio dos bens de Paes, de seu secretário municipal de transporte, Paulo Roberto Santos Figueiredo, e da Rio Ônibus, sindicato patronal do setor, no valor de R$ 240,3 milhões, exatamente por suspeita de direcionamento em licitações para empresas do setor de transportes. As licitações são processos de escolha de empresas para a prestação de serviços públicos. Neste caso, promovidas pela prefeitura.

Além disso, algumas empresas de transporte sofreram bloqueios, que somam R$ 511,7 milhões. O que desperta no mínimo curiosidade é que a Redentor é uma delas. Na declaração de bens à Justiça Eleitoral, Paes disse ter patrimônio de R$ 325,6 mil. São, segundo ele, quatro itens. Os maiores seriam, segundo ele, uma aplicação financeira de R$ 210 mil e um carro de R$ 76,5 mil.

Além da Redentor, tiveram os bens bloqueados os consórcios Santa Cruz, Transcarioca, Internorte e Intersul e os grupos Real Auto Ônibus, Nossa Senhora de Lourdes e Expresso Pégaso.

Paes alega que o processo tem como base um relatório elaborado “sob encomenda” pelo vereador Tarcísio Motta (PSOL), seu adversário político. Motta tem, no entanto, outra versão. “O documento é produto de investigação séria e profunda da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta por denúncias de corrupção” afirmou. “Fomos independentes, como toda CPI deve ser. Enviamos o material aos órgãos competentes. O Ministério Público acrescentou outros dados e está fazendo corretamente o seu trabalho”, acrescentou o vereador.

Cabe agora ao TER-RJ e às autoridades judiciais esclarecer se as verdadeiras motivações desse movimento grevista foram efetivamente as divergências sobre FGTS e pagamento de 13º salário alegadas pelos grevistas.

A sociedade aguarda ansiosa.


Fonte:r7

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