Greve em empresa de ônibus envolvida em denúncia junto com Paes prejudicou votação
Severino Silva/Agência O DiaUma greve no mínimo estranha, considerada ilegal, foi anunciada pelos motoristas de ônibus das viações Redentor e Futuro, no Rio de Janeiro, na madrugada de sábado (28) para domingo (29), dia em que o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e Eduardo Paes (DEM) disputaram o segundo turno das eleições para a prefeitura da cidade.
A decisão, mal explicada e de última hora, deixou sem transporte moradores dos bairros do Recreio, Barra da Tijuca e Jacarepaguá, na populosa Zona Oeste da cidade, até 11h da manhã de domingo (29), quando os motoristas resolveram voltar ao trabalho.
E provocou indignação nas autoridades do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro), que acionaram a Polícia Federal para intervir no movimento. “A paralisação é ilegal e representa grave impedimento e embaraço às eleições”, informou o TRE-RJ. “As lideranças do movimento serão responsabilizadas de acordo com o que prevê a legislação”, acrescentaram as autoridades do tribunal.
Indicado para acompanhar a greve, o juiz Luiz Márcio Pereira foi para a porta da garagem da Redentor na manhã de domingo (29). Mesmo com o período relativamente curto de duração, a greve prejudicou a movimentação dos cariocas nas quatro primeiras horas de votação, justamente no horário indicado para que os idosos fossem votar.
E certamente contribuiu para se chegar ao maior índice histórico de abstenção da capital fluminense em segundos turnos - 1.720.154 eleitores, 35,35% do colégio eleitoral da cidade, não foram votar.
No último dia 20 de outubro, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) decretou o bloqueio dos bens de Paes, de seu secretário municipal de transporte, Paulo Roberto Santos Figueiredo, e da Rio Ônibus, sindicato patronal do setor, no valor de R$ 240,3 milhões, exatamente por suspeita de direcionamento em licitações para empresas do setor de transportes. As licitações são processos de escolha de empresas para a prestação de serviços públicos. Neste caso, promovidas pela prefeitura.
Além disso, algumas empresas de transporte sofreram bloqueios, que somam R$ 511,7 milhões. O que desperta no mínimo curiosidade é que a Redentor é uma delas. Na declaração de bens à Justiça Eleitoral, Paes disse ter patrimônio de R$ 325,6 mil. São, segundo ele, quatro itens. Os maiores seriam, segundo ele, uma aplicação financeira de R$ 210 mil e um carro de R$ 76,5 mil.
Além da Redentor, tiveram os bens bloqueados os consórcios Santa Cruz, Transcarioca, Internorte e Intersul e os grupos Real Auto Ônibus, Nossa Senhora de Lourdes e Expresso Pégaso.
Paes alega que o processo tem como base um relatório elaborado “sob encomenda” pelo vereador Tarcísio Motta (PSOL), seu adversário político. Motta tem, no entanto, outra versão. “O documento é produto de investigação séria e profunda da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta por denúncias de corrupção” afirmou. “Fomos independentes, como toda CPI deve ser. Enviamos o material aos órgãos competentes. O Ministério Público acrescentou outros dados e está fazendo corretamente o seu trabalho”, acrescentou o vereador.
Cabe agora ao TER-RJ e às autoridades judiciais esclarecer se as verdadeiras motivações desse movimento grevista foram efetivamente as divergências sobre FGTS e pagamento de 13º salário alegadas pelos grevistas.
A sociedade aguarda ansiosa.
Fonte:r7
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